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“Caim e Abel – As Bestas”

Montagem multimídia do Grupo Desvio tem nova temporada no Espaço Cultural Renato Russo

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Território Comunicação - Rodrigo Machado

11/15/20252 min read

Após estreia no Sesc Gama, que mobilizou a cena cultural local e atraiu um público expressivo — incluindo a participação de estudantes da rede pública e a efetiva inclusão de pessoas com deficiência —, o espetáculo “Caim e Abel – As Bestas” segue em cartaz. A produção do Grupo Desvio agora se apresenta nos dias 3 e 4 de dezembro no Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul).

Partindo do mito de Caim e Abel, a peça, com texto de Gil Roberto e direção de Rodrigo Fischer, mergulha nas raízes da violência masculina. Dois homens atravessam um deserto — ao mesmo tempo físico e interior —, onde são confrontados com seus medos, vulnerabilidades e atos violentos. A narrativa constrói uma cartografia íntima da dominação, intercalando cenas de tensão visceral com reflexões poéticas e provocações sensíveis, tudo permeado por uma trilha sonora executada ao vivo.

No plano dramatúrgico, a obra se organiza como um rizoma ou mosaico de cenas, com transições que podem seguir múltiplas ordens narrativas, inspiradas no ato de sonhar. A não linearidade reforça a atmosfera onírica do espetáculo, que se pergunta: estes dois homens sonham que erram por um deserto múltiplo, ou são sonhados por ele?

A encenação ergue um deserto sonoro-visual, onde atores entregam performances viscerais, em contraponto com a integração de novas tecnologias e projeções audiovisuais — muitas delas captadas durante processo de imersão da equipe em Cavalcanti (GO). A trilha, executada ao vivo com acordeons e sintetizadores, materializa afetos, memórias de infância, motivos sacros e até xotes dançantes, funcionando como uma figura que se multiplica ao longo da peça.

A despeito da densidade do tema, “Caim e Abel – As Bestas” é também pop e humorado, valendo-se do nonsense e do ridículo para expor a pequenez humana de forma absurda e patética. Ao mesmo tempo, a delicadeza e as nuances poéticas iluminam a possibilidade de reflexão e redenção. A peça se questiona: será possível que estes homens, em volta da fogueira do teatro, consigam cantar para as gerações futuras “uma canção temperada do seu feminino mais genuíno, da sua criança mais selvagem”?

O projeto é fruto de uma longa pesquisa do Grupo Desvio, que incluiu experimentos fílmicos e corporais durante residência em Goiás, tratando realidade, sonho e ficção como matéria-prima para a cena.

Após cada sessão, um bate-papo com a equipe amplifica a reflexão proposta pela obra, aprofundando o diálogo com o público.

Histórico do Grupo Desvio

Com 23 anos de trajetória, o Grupo Desvio é um dos coletivos artísticos mais consolidados de Brasília, com nove espetáculos no repertório e apresentações em oito países. Sob a direção de Rodrigo Fischer, o grupo é conhecido por sua investigação contínua da linguagem cênica e pela incorporação de tecnologias e poéticas audiovisuais.

Ficha técnica:

Direção: Rodrigo Fischer | Dramaturgia e atuação: Gil Roberto | Atuação: Márcio Minervino | Cenário e figurino: Maria Villar | Direção musical e trilha: César Lignelli | Direção multimídia: Fernando Gutiérrez | Provocação cênica: Giselle Rodrigues e Kenia Dias | Produção: Carvalhedo Produções | Designer gráfica: Luisa Malheiros | Assessoria de imprensa: Território Comunicação