VII ENCONTRO DE BAMBAS, EM BRASÍLIA, DESTACA PROTAGONISMO DAS MULHERES NA CAPOEIRA
Nos dias 8 e 9 de agosto, Brasília recebe o VII Encontro de Bambas, um dos mais significativos eventos de capoeira do país. Em 2025, o projeto reafirma seu compromisso com a resistência feminina, a valorização das minorias e a inclusão de todos os corpos na roda de capoeira.
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O evento é idealizado por Mestra Michelinha, referência na capoeira do Distrito Federal e uma das vozes mais atuantes na luta por equidade de gênero na prática. À frente do Encontro de Bambas, ela destaca a importância de transformar espaços historicamente excludentes em territórios de acolhimento e afirmação.
“A roda de capoeira sempre foi um lugar de força, mas nem sempre foi um espaço paratodas. Durante muito tempo, as mulheres foram silenciadas ou colocadas à margem. O Encontro de Bambas nasceu para romper com isso: é um ato político, cultural e espiritual. Aqui, mulheres ocupam o centro, com respeito, voz e visibilidade — e todos são bem-vindos nessa construção coletiva”, afirma Mestra Michelinha.


Criada por negros escravizados como forma de resistência, a capoeira é símbolo da luta contra a opressão. Porém, assim como na sociedade em geral, as mulheres foram invisibilizadas na história dessa prática que hoje é reconhecida como patrimônio cultural brasileiro. Foi apenas nas últimas décadas que elas passaram a ocupar, com mais visibilidade, os espaços de ensino e liderança na capoeira — mas a dívida histórica ainda é grande.
Por isso, nesta edição, o Encontro de Bambas reforça o protagonismo feminino, com mais mulheres contratadas, convidadas e homenageadas — mestras, contramestras, professoras, palestrantes e artistas — muitas delas negras, lésbicas e praticantes de religiões afro-brasileiras como o candomblé. Essa representatividade contribui para reconfigurar um espaço historicamente dominado por homens, sem deixar de ser aberto ao público geral e a todas as identidades de gênero.
Importante frisar que as rodas de capoeira e demais atividades do evento são abertas a todos os praticantes, respeitando os princípios da inclusão e da diversidade. O objetivo não é separar, mas reconhecer o valor da liderança feminina e construir um espaço mais igualitário e acolhedor para todos.
O Encontro de Bambas é mais do que um evento de capoeira: é um movimento de enfrentamento ao machismo, de resistência e de afirmação da autonomia feminina. Ao longo dos anos, tornou-se referência por promover workshops, debates, aulas teóricas e práticas, além de incentivar a prática esportiva entre crianças, jovens e adultos, acolhendo um público diverso, com ênfase em mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e pessoas de baixa renda.


Segundo dados do Brasil de Fato, cerca de 35% dos praticantes de capoeira no Brasil são mulheres. Embora o número ainda seja menor em relação aos homens, sua participação tem crescido desde a década de 1970. Contudo, foi apenas nos anos 1980 que muitas mulheres conseguiram, pela primeira vez, entrar nas academias, graças à conquista de autonomia financeira e ao acesso à educação. Até então, a maioria delas era mantida à margem, limitada às rodas e excluída das formações estruturadas.
Hoje, com iniciativas como o Encontro de Bambas, a capoeira reafirma seu papel como ferramenta multicultural de luta, dança, música e educação. É também instrumento de formação cidadã e inclusão social, contribuindo para o desenvolvimento de agentes culturais do Distrito Federal e de outras regiões.
O VII Encontro de Bambas, ao colocar as mulheres no centro da roda, não só honra a ancestralidade da capoeira, mas aponta para um futuro mais justo, diverso e plural — onde todos podem jogar, cantar, aprender e resistir juntos.
PROGRAMAÇÃO
Dia 8 de Agosto
18h00 – Recepção dos participantes
18h30 – Abertura oficial do evento
19h00 – Workshop: Corpo, Movimento e Ludicidade, com Mestra Michelinha
19h40 – Workshop: Capoeira e suas Expressões Corporais, com Mestra Boca
20h40 – Roda de Capoeira – Noite das Cantadoras
21h30 – Jantar coletivo
22h00 – Encerramento das atividades do dia
Dia 9 de Agosto
08h45 – Recepção dos participantes
09h00 – Workshop: Gênero, Cultura e Capoeiragem, com Mestra Água Viva
10h00 – Workshop: Capoeira Contemporânea, com Professora Maitê
11h00 – Roda de Capoeira
12h30 – Intervalo para almoço
13h50 – Recepção dos participantes (retorno das atividades)
14h00 – Workshop: Musicalização e Ritmo dentro da Roda de Capoeira, com Mestranda Kallú
15h00 – Workshop: Mulher na Capoeira, com Mestra Iúna
16h00 – Intervalo
16h30 – Workshop: Movimentos Acrobáticos, Golpes de Entrada e Saída, com Mestra Nagô
17h30 – Roda de Capoeira
19h30 – Atividade surpresa
19h40 – Jantar
22h00 – Finalização do evento